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Por Larissa Mota, CEO do Grupo Exímia*

Em meio a um cenário de intensa transformação digital, a gestão da folha de pagamento se tornou um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas brasileiras. A digitalização dos processos, impulsionada pela chegada do eSocial, trouxe consigo um novo paradigma de fiscalização em tempo real. Comisso, a conformidade trabalhista deixou de ser uma opção para se tornar uma exigência inegociável.

Apesar dessa nova realidade, muitas organizações ainda subestimam o impacto financeiro do descontrole na folha. O custo invisível da negligência, frequentemente ignorado, pode se materializar em prejuízos expressivos. Dados do Tribunal Superior do Trabalho mostram que, em 2023,aproximadamente um terço das ações trabalhistas no país teve como origem erros relacionados a verbas rescisórias, horas extras e adicionais salariais. Esses itens estão diretamente ligados à folha e evidenciam o tamanho do risco envolvido.

O compliance trabalhista, muitas vezes tratado como uma burocracia excessiva, na verdade atua como um escudo estratégico para as empresas. Ele garante o cumprimento da legislação e previne passivos que comprometem a saúde financeira do negócio. Ainda assim, o descontrole nesse setor gera riscos silenciosos, que muitas vezes só são percebidos quando já resultaram em autuações, processos ou bloqueios judiciais.

Mesmo com o avanço das soluções tecnológicas, a gestão da folha tornou-se mais complexa diante da necessidade de integrar diferentes sistemas e manter atualizações constantes. Pequenos erros no cálculo de horas extras ou adicionais podem gerar disputas trabalhistas onerosas e afetar a imagem da empresa. A implementação do eSocial reduziu drasticamente a margem para falhas, ao permitir que as autoridades fiscalizem as informações em tempo real. Com isso, o nível de conformidade exigido atualmente é significativamente mais rigoroso do que no passado.

O desafio, portanto, não está na digitalização em si, mas na falsa sensação de que a tecnologia, por si só, é suficiente. Sem uma gestão qualificada, a empresa se torna vulnerável. A negligência em relação ao compliance da folha não resulta apenas em sanções legais. Ela afeta diretamente a reputação corporativa e dificulta a atração e retenção de talentos em um mercado cada vez mais competitivo.

A conformidade trabalhista, antes vista como um detalhe operacional, passou a representar um diferencial estratégico com impacto direto na sustentabilidade e no crescimento da empresa. Para evitar riscos e proteger seu futuro, as organizações precisam adotar uma postura proativa. Isso inclui investir em sistemas de gestão integrados, garantir a atualização contínua das informações e promover a capacitação da equipe de RH. Também é fundamental contar com o apoio de consultorias especializadas, que ajudam a assegurar o alinhamento às exigências legais.

Em um ambiente corporativo cada vez mais fiscalizado, compliance não deve ser confundido com burocracia. Ele representa segurança jurídica, saúde financeira e proteção da reputação. A conformidade eficiente na folha de pagamento é, hoje, um pilar essencial para qualquer empresa que busca se manter competitiva e resiliente diante dos novos desafios do mercado.

*Larissa Mota é advogada, especializada em Relações Trabalhistas e Sindicais pelo Centro Universitário Braz Cubas. Em 2005, fundou a Exímia, BPO especializada em terceirização de folha de pagamento e gestão de benefícios.

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